Onde o Mar Nos Descobriu
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A maré regressava lenta, trazendo consigo um sal fresco que se agarrava à pele.
Ela caminhava descalça, os pés desenhando pequenos sulcos na areia morna.
Ele observava-a de longe, um livro esquecido entre as mãos, o olhar atento ao seu ritmo.
A distância entre os dois era um convite, e cada passo encurtava histórias não contadas.
Trocaram um sorriso tímido, como quem reconhece um segredo à margem do mundo.
A conversa começou por coisas simples — o vento, a cor do céu, o hábito de colecionar conchas.
Aos poucos as palavras afinaram-se em confidências, e o riso abriu pequenas portas no peito.
O sol baixava como uma promessa, pintando as nuvens de âmbar e púrpura.
Ele estendeu a mão; ela hesitou um segundo e depois a segurou, firme, quente.
Encostados, deixaram que o silêncio dissesse o que faltava nas frases.
As mãos descobriram pontos familiares — a nuca, a curva do ombro, a linha do braço.
Cada toque era uma pergunta e uma resposta, um mapa desenhado à sorte.
O cheiro da pele, misturado ao aroma do mar, tornava o mundo reduzido àquela margem.
O tecido do vestido cedeu ao vento, e eles riram baixinho do improviso do destino.
A noite aproximava-se, e as estrelas acendiam-se uma a uma, tímidas testemunhas.
Num impulso combinaram partir para dentro das dunas, buscando privacidade e calor.
Ali, entre a areia e o peito um do outro, as carícias cresceram em intensidade e ternura.
Não houve pressa — cada gesto construía confiança, cada suspiro aprofundava-os.
Entregaram-se ao desejo com respeito e cuidado, descobrindo-se em movimentos lentos.
Quando o mar cantou mais alto, fizeram amor — um encontro suave e ardente sob a lua.